Foto: José Rebelatto
"A sorte virou quando, no auge da crise, há 15 anos atrás, Dona Mariinha jogou no bicho e tirou na cabeça, ou seja, ganhou o maior prêmio do concurso. Um dia depois de receber a premiação, resolveu tirar do papel a ideia do marido de abrir um bar."
A sorte virou quando, no auge da crise, há 15 anos atrás, Dona Mariinha jogou no bicho e tirou na cabeça, ou seja, ganhou o maior prêmio do concurso, 3.600 reais. Segundo ela, hoje em dia seriam mais de 30 mil reais. Um dia depois de receber a premiação, resolveu tirar do papel a ideia do marido de abrir um bar e, sem dizer nada a ele, pegou várias caixas e saiu despejando tudo da loja de miudezas.
Com um fogão de 4 bocas, um microondas e algumas vasilhas compradas no centro da cidade, só faltavam as mesas e cadeiras. Na época, uma sobrinha que trabalhava numa grande multinacional de bebidas, conseguiu esses itens que faltavam, e menos de uma hora antes de abrirem o bar, o caminhão chegou no mercado e o bar ficou completo minutos antes da inauguração. Assim começou a história do Petisqueiro.
Foto: Ga Olho
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Maria José de Santana, a dona Mariinha, chegou no Mercado da Boa Vista há 48 anos, e diz que foi com uma paixão bem inusitada. Ela se apaixonou pelo irmão da mãe, com quem foi casada por 38 anos e viveu uma linda história de amor com o mercado como cenário.
O marido tinha uma mercearia e ela estava sempre por lá. Alguns anos depois, ele entrou em dificuldades financeiras e ela disse que era o momento de segurar a mão dele e ficar mais perto. Decidiu também ir para lá e, no box que hoje funciona o bar, abriu uma loja de miudezas. As coisas não iam bem ao ponto de um dia ela vender apenas um papel e uma agulha de costura.
Foto: Mateus Guedes
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Foto: Gabriela Passos
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O marido ainda ficou 6 anos na empreitada, que ela segue também em memória dele, junto com seus 5 filhos, e a grande família do mercado: as cozinheiras que estão há 15 anos com ela, o enteado da tia que é dono do bar do lado e o primo Lelêu. Lelêu é uma figura famosa entre os que frequentam o Mercado da Boa Vista; é ele quem organiza os shows e eventos musicais que já são conhecidos pelos recifenses e turistas.
E nesses eventos Dona Mariinha revela sua outra persona: a cantora Mariinha ganha os holofotes e dá um show à parte. Mesmo sem o marido gostar muito, nunca deixou de cantar, afirma que continuava cantando também para que ele respeitasse a sua individualidade. Enquanto canta Evidências com a intimidade de quem canta em casa, entendemos a relação com o mercado, que foi casa, abrigo, palco e sua própria canção de amor.