Foto: Mateus Guedes
"Alguns anos depois, Fábio, por influência do irmão Fernando, começou a ir ao mercado com frequência e completou a corrente do aprendizado passado por gerações que se inciou com Seu Sebastião, e nessa história já está lá há mais de 25 anos."
Trabalhou e conseguiu seu box dentro do mercado, de lá pra cá já se vão mais de 70 anos. Sustentou a família e passou o conhecimento e profissão para o neto que, ainda criança, fez os primeiros serviços de sapataria e ficou ajudando o avô.
Alguns anos depois, Fábio, por influência do irmão Fernando, começou a ir ao mercado com frequência e completou a corrente do aprendizado passado por gerações, e nessa história já está lá há mais de 25 anos. Tio, cunhado, irmã, todo mundo trabalha e ajuda de alguma forma. Atualmente com 7 boxes, a sapataria Dois Irmãos sustenta mais de 10 famílias. Dos 7 boxes, apenas 3 estão funcionando e 4 foram afetados pelo incêndio ocorrido no dia 3 de setembro de 2023.
Foto: Maria Abreu
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Há 32 anos, Fernando Ferreira tinha 7 anos de idade e levava almoço quase todo dia para o avô, Sebastião, que tinha um box e trabalhava de sapateiro no Mercado da Encruzilhada. O menino curioso ficava observando o avô - que o criou e considera um pai - mexendo em tudo que podia, tentando aprender aquele ofício que tanto o encantava.
Seu Sebastião, hoje com 86 anos, trabalhou no mercado da Encruzilhada desde os 13 anos, quando chegou de Serra dos Ventos, distrito de Belo Jardim, no agreste pernambucano, e começou a prestar serviços de engraxate na parada de ônibus que ficava na Praça da Encruzilhada, próxima ao mercado.
Foto: Gabi Passos
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Foto: José Rebelatto
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Nem o incêndio tira a fé dos irmãos, que dizem ter no mercado uma grande família, se apoiando nas crises e compartilhando as alegrias, como decorar junto o mercado no São João e nas datas comemorativas.
Após o incêndio, Fernando diz que até os que não eram tão íntimos passaram a ser, que realmente uma grande corrente em prol da recuperação dos comerciantes e do mercado se criou. Passam mais tempo lá do que em casa e, mesmo assim, quando estão em casa sentem falta do mercado. Fábio só trabalha até sábado e tem seus dias de folga para aproveitar a família.
Fernando está lá praticamente todos os dias, se diz viciado no mercado, parecido com o avô, que mesmo aposentado pede sempre notícias aos netos de como estão as coisas. A fé, a família e o trabalho ligam toda essa história que enche o mercado há mais de 70 anos.